Aval




Eu disse a ele hoje que não poderia continuar. E pela primeira vez não fui egoísta, sabia que facilitaria pra mim te esquecer se tivesse alguém ao lado, mas facilitaria pra ele ficar ao lado de alguém tão confusa e, no momento, caindo? Porque era assim que eu me sentia, um ano já tinha se passado e eu me sentia no chão, cada vez que um dia terminava e você não estava aqui.

Foi doloroso abrir mão dele, mas nem de longe tão doloroso quanto foi ver você abrindo mão de mim. E no momento em que abri mão dele, me dei conta que era o certo e fazer, e mais certo ainda era deixar de te esperar, e de usar pessoas pra tapar buracos que tinham sido abertos com sua partida.

Mas naquele momento em que dei a ele um aval pra se apaixonar por alguém livre, sem bagagens, pedi aos céus, a sorte, a mim mesma pra que junto com ele você também partisse. Saísse do meu coração e me fizesse finalmente livre, livre de saudades, e de dúvidas, e de olhares que fingem sentir alguma coisa. Livre pra conseguir amar o menino incrível que escrevia poesias pra mim enquanto você havia apenas se tornado uma nova versão de quem eu um dia amei, e não conseguia deixar de amar. Um desconhecido. E então passei a perceber que quando você partiu não foi sozinho, levou com você algumas pessoas que você nem conhecia e que, por sua causa, eu também não pude conhecer.

Comments
2 Responses to “Aval”
  1. Nossa, eu amei *O* parabéns pelo texto!

    Beijo

  2. Pub says:

    Obrigada Talita, volte pra ler os outros :D Um beijo!

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